segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A correção de aneurisma é considerada uma grande cirurgia e várias
complicações pós-operatórias específicas podem surgir. Uma das mais sérias é
o IAM, decorrente de doença arterial das coronárias.

A monitorização da função dos rins, através da ingestão e eliminação de
líquidos, é vital, pois complicações renais podem ocorrer, devido à isquemia por
baixo fluxo aórtico, redução do débito cardíaco, êmbolos, hidratação
inadequada ou pinçamento da aorta acima das artérias renais durante a
cirurgia.

Êmbolos também podem alojar-se nas artérias das extremidades inferiores ou
mesentéricas. As manifestações clínicas incluem: sinais de oclusão arterial
aguda (dor ou perda dos nervos sensitivos decorrentes da isquemia,
parestesias e perda da sensação de posição, poiquilotermia(frieza), paralisia,
palidez cutanea, ausência de pulso) , necrose intersticial, íleo paralítico,
diarréia e dor abdominal.

Isquemia da medula espinhal pode ocorrer, resultando em tetra/paraplegia,
incontinência urinária e retal ou anestesia, hipoestesia nos hemisférios de
correlação clínica e alteração do tonus vascular podendo resultar em
comprometimento da temperatura, quando o aneurisma estiver rompido.

Na endarterectomia de carótida o paciente apresenta grande risco de ter a
perfusão cerebral reduzida durante a cirurgia, por embolização, que causa
oclusão cerebral e isquemia; podem surgir coágulos na artéria causando
isquemia cerebral; aumento da Pressão Intracraniana (PIC), devido à
hemorragia intracraniana; perfusão cerebral inadequada, em virtude da
intolerância ao clampeamento da artéria.

Os cuidados de enfermagem a estes pacientes são essenciais nas primeiras 24
horas e incluem: avaliação cuidadosa dos sinais vitais e da função neurológica
( reação pupilar, nível de consciência, função motora e sensorial). Manter a
cabeça ereta e elevada ajuda na permeabilidade das vias aéreas e minimiza o
"stress" no local da cirurgia. Avalia-se o padrão respiratório, a pulsação e a
pressão arterial. A pressão arterial sistólica será mantida entre 120 e170mmHg
para garantir a perfusão cerebral. Pode ocorrer obstrução das vias aéreas
superiores devido ao engurgitamento do pescoço ou à formação de hematoma
localizado. Se ocorrer está hematoma é indicada aplicação de frio no local da
incisão.

É necessário avaliar a função dos nervos cranianos: facial(VII), vago(X),
acessório(XI) e hipoglosso(XII). Os danos mais comuns são: paralisia das
cordas vocais ou dificuldade no controle da saliva e desvio da língua. Em geral,
o dano é temporário, mas pode durar meses. Os danos mais comuns são:
paralisia das cordas vocais ou dificuldade no controle da saliva e desvio da
língua.

As complicações mais comuns da cirurgia vascular são: a hemorragia e o
choque, que podem resultar da cirurgia ou de uma lesão associada à aorta, à
veia cava ou a vasos próximos, inclusive artérias e veias ilíacas, renais ou
lombares.
5.6 CIRURGIA DA CABEÇA E PESCOÇO
Das cirurgias que envolvem a especialidade cabeça-pescoço, com indicação
de assistência em UPO são:
Tireoidectomia total : ressecção total da glândula tireoide, normalmente feita
nos casos de câncer da tireóide (SRPA).

Tireodectomia parcial : ressecção parcial da glândula tireoide .
Laringectomia: ressecção da laringe (SRPA)
Laringectomia total: retirada completa da laringe, cartilaginosa, do osso hióde

e dos músculos em fita inseridos na laringe e possível exerese do espaço pré -
epiglótico junto com a lesão (SRPA).
Dissecção cervical radical: envolve a retirada de toda gordura subcutânea
dos canais linfáticos e de alguns dos músculos superficiais, de uma
determinada região do pescoço (B e SRP).
Hemiglossectomia: remoção do segmento lateral da língua.
Intervenções de Enfermagem

Os cuidados de enfermagem à pacientes com extensa cirurgia de cabeça e
pescoço requerem um intenso monitoramento de sinais vitais, gases
sanguíneos e exames laboratoriais. É essêncial nesta e nas fases
subsequentes atenção às necessidades de conforto, nutrição e comunicação.

A obstrução das vias aéreas é uma das mais sérias complicações no pós
operatório. Sintomas de inquietação ou dispnéia, taquicardia e taquipnéia
indicam que as vias aéreas estão obstruídas(dudas). Esta pode ser uma
resposta ao edema ou hemorragia, sendo que na tireoidectomia por dano
bilateral do nervo laringeo(cp6l). Deve-se manter nebulização continua para
facilitar a respiração e fluidificação das secreções, realizar aspiração do
estoma, nariz e boca, com sondas maleáveis e não traumáticas. Pode ser
necessário ventilação mecânica , material de entubação deve estar preparado
(tubo orotraqueal ou cânula de traqueostomia)(cp62).

A imobilização da cabeça e pescoço é essencial para evitar a flexão e
hiperextensão do pescoço, com resultante tensão e edema na linha de sutura .
O paciente deve ser posicionado em semi-fowler baixa, com a cabeça elevada
cerca de 30 graus. Esta posição promove a drenagem das secreções, reduz o

edema, evita a compressão nas linhas de sutura e facilita as respirações.
Mobilizar, estimular a tosse e respiração profunda são essenciais para evitar
atelectasias e pneumonia hipostática (cp62) e( RPA).

Geralmente a drenagem do estoma da traquestomia é mínima. O curativo fica
sujo devido as secreções e sudorese. O mesmo deve ser trocado sempre que
necessário e a pele mantida limpa e seca para evitar maceração e infecção. A
pele ao redor do estoma deve ser limpa com soro fisiológico e solução
antisséptica. As bordas da traqueostomia protegidas com gazes dobradas. A
fixação da cânula de traqueostomia deve ser suficiente para assegurar uma
tensão adequada e evitar deslocamento ou saída acidental , que pode resultar
em complicações agudas das vias aéreas .

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A assistência de enfermagem no pós-operatório imediato é de fundamental
importância dentro do contexto do atendimento multidisciplinar ao paciente
grave. Evidentemente, além dos cuidados de enfermagem que visam promover
o conforto e o bem estar do paciente , o profissional nesta unidade deve ter
amplo conhecimento das alterações fisiológicas induzidas pelo ato cirúrgico,
estando apto a detectar precocemente alterações que possam comprometer a
evolução deste, comunicando e discutindo o quadro clínico com a equipe
multidisciplinar, para que ações imediatas possam ser tomadas.

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